quarta-feira, agosto 18, 2010

Biblioteca em Revista

Vampiros: mais que personagens assustadores, criaturas fascinantes da literatura e do cinema

por Daniele Facchini

No último mês de maio de 2010, a revista História Viva trouxe na coluna "Mitologia" uma matéria especial sobre vampiros, novamente celebridades no universo literário e cinematográfico. Não é de hoje que as histórias de vampiros fascinam muitos leitores mundo afora, desde quando o escritor irlândes Abraham Bram Stoker criou o primeiro vampiro da literatura, o famoso Conde Drácula, protagonista do célebre romance Drácula, de 1897.

Segundo a colunista da revista, Marlene Suano, o drácula criado por Bram Stoker era maléfico, violento, morava na Transilvânia e já possuía algumas das características vampirescas tão famosas conhecidas atualmente: imortal, alimentado por sangue humano, dotado de imensa força, capaz de transformar em vampiro aqueles de quem se alimentava, voava como morcego, tinha perfeita visão noturna, temia o crucifíxo e a luz do dia, dormia em um caixão funerário e só podia ser morto com uma estaca cravada no coração.

Segundo a estudiosa Elisabeth Miller, o nome “Conde Drácula” que Bram Stoker deu a seu personagem vampiro, foi inspirado no nobre conde Vlad Tepes, governador da Transilvânia entre 1431 e 1435, que foi apelidado de Drácula (filho do dragão ou filho do demônio) por ter assassinado muitas pessoas e, assim, ter ficado conhecido como um sanguinário da época. Já a associação dos vampiros com os morcegos surgiu no século XIX, quando os naturalistas europeus descobriram três espécies de morcegos que se alimentavam de sangue e os apelidaram de ‘morcegos-vampiros’.

Quando Drácula saiu dos livros e foi adaptado para o cinema, seus atributos maléficos foram ainda mais carregados: ganhou a capa preta e adquiriu um charme maligno e dotado de sedução suficiente para encantar as mulheres que desejava. A primeira versão cinematográfica sobre vampiros foi Nosferatu, filme de 1922 do diretor alemão Friedrich Wilhelm Murnau, mas foi no longametragem Drácula, produzido pelo cineasta americano Tod Browning, em 1931, que os vampiros ganharam todo o glamour hollywoodiano, tornando-se cada vez mais famosos no mundo todo.

Com o passar dos anos, os personagens vampiros sofreram transformações e com isso uma nova geração deles começou a surgir e a encantar ainda mais o público leitor. Em 1976 foi lançado o livro Entrevista com o vampiro, da americana Anne Rice, o primeiro dos doze volumes da série Crônicas vampirescas. As histórias vampirescas de Rice tiveram tanto sucesso que em 1994 seu primeiro livro da série ganhou uma versão cinematográfica.
Atualmente os personagens de vampiros estão em alta no mundo da literatura e do cinema no mundo inteiro. A “moda vampiresca” do momento são os livros da saga Crepúsculo, da escritora americana Stephenie Meyer. Desde o lançamento da saga que a história romântica do vampiro imortal Edward com a mocinha mortal Bella se tornou uma “febre” mundial, e a conseqüência natural da nossa era digital foi adaptar a história vampiresca de Meyer para o cinema, em 2008, em Crepúsculo. O sucesso no cinema foi tão grande que já foram feitas mais duas adaptações cinematográficas dos livros da saga: Lua Nova e o sucesso do momento, que está em exibição nos cinemas do Brasil, Eclipse.

Entretanto, se compararmos o personagem assustador criado por Bram Stoker com o vampiro do bem, criado por Stephenie Meyer, notaremos grandes diferenças. O Conde Drácula de Stoker é apavorante, cruel e impiedoso; já o vampiro Edward de Meyer é bondoso, romântico e incapaz de promover o mal; sem contar que é belo e encantador, e nada possui de assustador, o que o distancia da caracterização horrenda do Conde Drácula e o torna um vampiro “galã” e apaixonante, típico dessa era chamada ‘da modernidade’.

O escritor irlandês Dacre Stoker, neto do escritor Bram Stoker, tem dado continuidade à saga do personagem vampiro criado pelo avô e lançou neste ano de 2010 uma versão repaginada do romance Drácula que intitulou de Drácula: O morto-vivo. A “febre” de personagens vampirescas é tanta que até o Brasil já possui sua própria saga do gênero chamada Alma e sangue, da escritora Nazarethe Fonseca, publicada pela editora Aleph.

Atualmente a escritora brasileira Martha Argel e o tradutor, também brasileiro, Humberto Moura Neto investigaram as origens do vampiro clássico, do contemporâneo e dos diversos feitos dele ao longo do tempo e, por meio dessa pesquisa e de textos escolhidos e traduzidos, eles apresentam uma seleção de contos do século XIX, partindo de O Vampiro, de John Polidori (1795-1821), passando por contos de terror de autores consagrados como o francês Alexandre Dumas (1802-1870), o americano Edgar Allan Poe (1809-1849) e o britânico Herbert George Wells (1866-1846), até finalizar com o consagrado Drácula (1897), de Bram Stoker; e assim, publicaram o livro O Vampiro Antes de Drácula, que revela um painel crítico e retrospectivo desse mito através da literatura, e que sobreviveu à passagem do tempo. Já o escritor Bráulio Tavares organizou Contos Obscuros, de Edgar Allan Poe, uma antologia de contos do escritor americano que escreveu narrativas de caráter científico e misterioso, permeadas de terror, horror, e suspense que lembram, em partes, o cenário que serve também ao universo obscuro dos vampiros.

Pode-se dizer que os assustadores e temidos personagens vampiros se tornaram famosos na literatura e no cinema, e desde quando foram criados, suas histórias são relidas com fins de recriação por vários autores, fascinando e conquistando mais fãs do gênero pelo mundo inteiro a cada dia e nova geração de leitores.

Daniele Facchini é aluna do 5º semestre da Graduação em Letras do Centro Universitário Padre Anchieta, e colunista de Biblioteca em Revista, coluna mensal sobre artigos dos periódicos disponíveis no acervo da Biblioteca do Campus do Centro desta Instituição.

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